sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

Tintim ou o tema da viagem como motor da ficção

Continuando o périplo pelas revistas sobre a personagem Tintim, apresento hoje o magnífico número extra da revista GEO.(1)
Imprescindível para quem gosta de BD. Mais imprescindível ainda para os incondicionais de Hergé... Excelente para se encontrar o fio condutor de uma colecção temática sobre o "grande viajante do século".
Gosto particularmente do título, na medida em que, do ponto de vista da significação, funciona por metonímia a dois níveis: a viagem física (no espaço) e a viagem pelo tempo (o séc. XX).



Sobre a temática da Ciência em Tintim (ver post "Hergé: entre ciência e ficção"), recomenda-se a leitura do seguinte texto de Nuno Crato no Ciência Hoje.

Referência bibliográfica

GEO. Hors-série. Tintin grand voyageur du siècle (2000). Prisma Presse (190 pp.)


(1) Publicado em livro, em 2001, pela fundação de Moulinsart.

quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

Hergé - entre Ciência e Ficção

Nunca ninguém aprendeu química, física ou matemática com o professor Girassol, mas, neste número especial da Science et Vie. Tintin chez les savants, de 2001, surpreende-nos o rigor da pesquisa por detrás da ficção. O arquivo monumental...

domingo, 25 de janeiro de 2009

Ceres. Novo Tipo - Correio Marítimo (2)



Tipo P7 (Greenwood et alii 1983: 87-88), em uso a partir de 1932

Postal ilustrado (Edição: Casa Africana, Benguela) lançado a bordo do Paquete MOÇAMBIQUE com selos de 5 C (Af. 229) e (30 C. (Af. 233), perfazendo 35 C.
Obliteração "LISBOA 2A SECÇÃO/PAQUETE" (23 DEZ 32).
Subsistem algumas dúvidas sobre o porte. Se se confirmar a data de 23 DEZ 32, o PI circulou com excesso de porte (5 C.), uma vez que o porte de impressos (cada 50 gramas) publicada no Boletim Oficial de Angola nº 42 de 17/10/1931 era de 30 C. Só em 1934 passou a vigorar o porte de 35 C. para impressos (cada 50 gramas ou fracção).



Carimbo de borracha "COMPANHIA NACIONAL DE NAVEGAÇÃO/
CORREIO/???/PAQUETE/MOÇAMBIQUE"


Referências bibliográficas


GREENWOOD, R., R. Câmara & P. Cockrill (1983) Portuguese Shipping Companies, Paquebot & Ship Cancellations. Cockrill Series Booklet nº 40. House of Antiquity.

quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

Ceres. Novo Tipo - Correio Marítimo

COURRIER DE HAUTE MER/PAQUETE/THYSVILLE



Sobrescrito lançado a bordo do Paquete belga "THYSVILLE", circulado para a Bélgica, com selos de 10 C. (Af. 230), 30 C. (Af. 233) e 45 C. (Af. 235 x3), perfazendo o porte de 1$75 (1º porte de uma carta até 20 gramas para Países Estrangeiros).

Ver: Marcas de Paquetes Belgas em Selos de Angola

Nota: o apontamento a lápis "1932/33" colocado no canto inferior direito do sobrescrito, por um coleccionador ou pelo vendedor, não pode estar correcto. O Decreto do Ministério das Colónias que fixa o porte de 1$75 para as correspondências a expedir para os Países Estrangeiros data de 12/01/1934. Portanto, o porte de 1$75 indicia que o sobrescrito circulou numa data posterior à indicada.

quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

Florilégio (2)

Filatelia e Literatura



Continuando a construção da minha antologia...

"— Don Pablo — sentenciou com voz transcendente, — trago-lhe uma carta.
O poeta saboreou um gole do seu penetrante café e encolheu os ombros.
— Sendo tu carteiro, não me admira.
— Como amigo, vizinho e camarada, peço-lhe que ma abra e ma leia.
— Que te leia uma carta minha?
— Sim, porque é da mãe de Beatriz.
Colocou-lha em cima da mesa, afiada como uma adaga.
— A mãe de Beatriz escreve-me a mim? Aqui há gato. E a propósito, fez-me lembrar a minha Ode ao gato. Ainda penso que há três imagens redimíveis. O gato como mínimo tigre de salão, como a polícia secreta das salas, e como o sultão das telhas eróticas.
— Poeta, hoje não estou para metáforas. A carta, por favor.
Ao rasgar o envelope com a faca da manteiga, procedeu com tão involuntária imperícia que a operação excedeu o minuto. «Têm razão as pessoas quando dizem que a vingança é o prazer dos deuses», pensou, enquanto se detinha a estudar o selo colado na face do envelope, considerando cada pêlo da barba do ilustre que o animava, e simulava decifrar o imperscrutável carimbo do posto dos correios de San António, partindo uma estaladiça migalha de pão que se havia impregnado ainda na posse do remetente. Nenhum mestre do cinema policial teria deixado o carteiro em semelhante suspense. Órfão de unhas, mordeu uma a uma as pontas dos dedos.
O poeta começou a ler a mensagem com a mesma cadência com que dramatizava os seus versos" (Skármeta 1996: 74-75)

Referências bibliográficas
SKÁRMETA, A. (1996) O Carteiro de Pablo Neruda. Lisboa: Editorial Teorema.

segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

Marcas do Caminho de Ferro de Luanda

De acordo com Correia (1998: 26-27), a expansão do caminho de ferro em Angola teve como consequência o aparecimento de inúmeros núcleos populacionais ao longo dos eixos ferroviários. Como muitas dessas localidades não possuíam estações postais, as populações começaram a recorrer aos condutores de comboio para que transportassem a carta até à estação requerida.
Uma vez que esta prática se tornou recorrente, as autoridades postais não a podiam ignorar. Tendo chegado ao conhecimento do Governador de Angola, Norton de Matos, este determinou que se tomasse medidas para resolver o problema.
Sintetizando, o regulamento aprovado para o efeito determinava o seguinte (cf. Correia: 28):

"2 - As cartas deveriam ser entregues nas estações ferroviárias, não sendo permitida a sua aceitação no correio, nem por empregados postais.

3 - Os chefes de estação ou outros funcionários encarregues do serviço deveriam obliterar as cartas com a marca do dia, e caso não haja, carimbo especial a isso destinado. Como não são conhecidas marcas de dia nas estações ter-se-á utilizado as marcas das estações ferroviárias na obliteração da correspondência.

4 - Ponto importante da regulamentação é o parágrafo 2º do Artº 8º, que limita a utilização do sistema à correspondência interna."



Nota
: para aceder às imagens, clicar sobre o selo.
Existe a possibilidade de optar pelo modo de apresentação imagem a imagem e slideshow.

Quadro-síntese:


Internet


Referências bibliográficas


Anuário Comercial de Angola Ano de 1937 (1938). Luanda: Imprensa Nacional.
CASTRO, E. (1966) Angola. Portos e Transportes. Obra política-económica de consulta e divulgação. Luanda.
CORREIA, E. (1998: 26-32) História Postal de Angola (3) Condução de cartas de estação pelos condutores dos comboios, Boletim do CFP nº 382, Lisboa.
GRANADO, A. (1948) Dicionário Corográfico-Comercial de Angola Antonito, 2ª Edição, Luanda: Edições Antonito.

domingo, 18 de janeiro de 2009

Centenário do Nascimento de Hergé (3)

Para concluir, resta-nos a apresentação de dois IPs emitidos pela Suiça em 10 de Maio de 2007:

Inteiro postal registado, circulado de La Tour-de-Trême (22.05.07) para Portugal.




Iinteiro postal registado, circulado de La Tour-de-Trême (22.05.07) pata Portugal.

Carimbos comemorativos:




O Encoberto

Ainda a saga do marco de correio da Travessa do Miradouro, Alfragide (Quinta Grande)...

Já temos a bruma. Falta chegar D. Sebastião.



sábado, 17 de janeiro de 2009

Centenário do Nascimento de Hergé (2)

Outro dos países francófonos que assinalou filatelicamente os 100 do nascimento de Hergé foi a Bélgica, com a emissão de uma folha de 25 selos com as capas dos álbuns e uma fotografia de Hergé, em 19 de Maio de 2007.

Dados Técnicos

Motivo: Hergé, 100 ans
Valor: € 0,46
Formato: selos : 38,15 mm x 48mm, bloco: 210 mm x 280 mm
Composição das folhas: 25 selos
Denteado: 11 1/2


Sobrescrito registado, circulado de Etterbeek (1.3.2008) para
a posta restante (2008.03.07), Portugal.
Nota: Etterbeek foi o bairro onde nasceu Remi Georges.

Sobrescrito registado com aviso de recepção circulado de Binche (07.02.08) para o Brasil.


Sobrescrito registado, circulado Brugge (08.02.08) para a África do Sul.


Sobrescrito registado, circulado de La Louviére (07.02.08) para Espanha.


Sobrescrito registado, circulado de Gent (08.02.08) para a Suiça.

sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

Centenário do Nascimento de Hergé (1)

Em 2007, para comemorar o Centenário do nascimento de Hergé, três países francófonos rivalizaram entre si com emissões de selos, blocos e inteiros postais.


Eis as emissões de França (12 de Maio de 2007):

Bloco com os seis selos da emissão (Tintim, Girassol, Haddock, Dupond e Dupont, Castafiore e Tchang). Custo 5€, dos quais 1.76€ constituem donativo à Cruz Vermelha.


Sobrescrito registado com aviso de recepção, circulado de Fontaine-les-Dijon (11-6-2007) para Portugal, com o bloco.

Sobrescrito registado com aviso de recepção, circulado de Fontaine-les-Dijon (11/6/2007) para Portugal, com os seis selos da série.

quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

Filatelês (2) - DESCASCAR

Metáfora usada na gíria para significar observação, análise, classificação ou estudo de um dado objecto filatélico e/ou postal.

Assim, podemos ter, por exemplo, as seguintes produções linguísticas:

(1) descascar um lote

(2) descascar uma carta.

No primeiro caso (exemplo (1)), podemos pegar num lote de selos como o que figura na imagem (Fig. 1) e observar e classificar os exemplares. No fundo, mais não fazemos do que "remover a camada superficial ou exterior", para nos fixarmos no que importa. Há exemplares raros? Há variedades? Que marcofilia podemos encontrar?


Fig. 1 - Lote de selos por classificar

"Descascar um lote" não significa, obviamente, observar e classificar apenas selos. O lote pode ser constituído por selos (os famosos "centos" ou outros), cartas, postais, etc.

Quanto ao exemplo em (2), o que está em causa é a interpretação das marcas que figuram numa dada carta - os trânsitos (percurso), formas de encaminhamento, etc. - e a decomposição dos portes.

quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

BD - Tintin é gay? Perguntem a Milu (1)

O texto do Times, "Of course Tintin’s gay. Ask Snowy", está a causar alguma polémica em França.
De acordo com alguns argumentos, muitas das personagens de BD que conhecemos são homossexuais, porque não se lhes conhece pai nem mãe (a ruptura com a família é supostamente uma fantasia gay), nem uma relação amorosa com o sexo oposto, entre outros supostos sinais... Ah, e a conservação da personagem como eterno adolescente, durante décadas, é também outro dos sinais identificados pelo autor do artigo... Supostamente, os homossexuais não envelhecem...
O autor do artigo do Times não vai ao ponto de dizer que quem lê o Tintim também é gay... Mas diz que os tintinófilos vivem em denegação... Segundo ele, quem está demasiado próximo é quem tem mais dificuldade em captar os sinais... Ufffff... Agora que a minha orientação sexual já não está abalada, posso ir dormir!
A reação do psiquiatra Serge Tisseron ao artigo bem humorado publicado no The Times é, no entanto, taxativa. A dimensão sexual está totalmente ausente de As Aventuras de Tintim. Na verdade, todas as personagens de Tintim são crianças.

(1) Taduttore, traditore. Propositadamente, alterei o título do artigo... OK, o rapaz vive com um homem de meia idade... Ainda assim, o título indicia a resposta. Milu não é de ver e contar! Além disso, a orientação sexual é do domínio privado e ninguém tem nada a ver com isso.

Bianca Castafiore - BD, ópera e filatelia

O rouxinol milanês é, a par de Haddock, a personagem de Hergé que maior número de comentários terá suscitado.


A matrona neurótica, perturbada na sua sexualidade (Tisseron 1987), foi filatelizada em França (emissão de 14 de Maio 2007 - 6 selos de personagens de Tintim da taxa de € 0,54 e um bloco). Eis duas cartas circuladas em França com registo e aviso de recepção:



No álbum As Jóias de Castafiore, a diva oferece a Tintim um 33 rotações com a sua interpretação de Fausto...
Gounod, o compositor de Fausto, num selo de França não denteado (Yvert 601):


Interpretação da ária "O Dieu! que de bijoux" do Fausto, por Angela Gheorghiu:



Outra das óperas referida n'As Jóias, quando o mistério do desaparecimento das jóias da cantora lírica é solucionado, é La Gazza Ladra de Rossini. Eis a magnífica abertura:



Referências bibliográficas
FARR, M (2001) Tintim. O sonho e a realidade. A história da criação das aventuras de Tintim. Lisboa: Editorial Verbo.
TISSERON, S. (1987) Tintin no Psicanalista. Lisboa: Bertrand Editora.

Florilégio

Revista de Imprensa, blogs e fóruns (ou fora para os puristas...)

Um texto sobre Filatelia de uma figura pública como Pacheco Pereira, publicado num jornal diário nacional, é necessariamente notícia!

A Decadência do Mundo dos Selos

Já agora, um tópico do Fórum Selos Postais: reacções de filatelistas ao artigo de PP publicado no Público de 10 de Janeiro.

Livros

Decadência do Mundo dos Selos, também, porque já não é possível experimentar toda a paleta de emoções face ao selo que encontramos no discurso do amnésico narrador de A Misteriosa Chama da Rainha Loana, de Eco.



"Aquele álbum devia ter sido para mim, mais do que um objecto venal, um receptáculo de imagens oníricas. Um ardente fervor acometia-me a cada figura. Bem mais forte do que com os velhos atlas. Debruçado sobre aquele álbum, imaginava os mares azulados emoldurados a púrpura da Deutsch-Ostafrika, por entre um emaranhado de linhas de tapete árabe via no fundo verde-noite as casas de Bagdade, em campo azul-escuro emoldurado a cor-de-rosa admirava o perfil de Jorge V senhor das Bermudas, em tons de castanho torrado subjugava-me o rosto do barbudo paxá ou sultão ou rajá do Bijawar State, talvez um dos príncipes indianos de Salgari, mas de ecos salgarianos enriquecia-se certamente o quadradinho verde-ervilha da Labuan Colony, porventura lia sobre a guerra iniciada por Gdansk ao mesmo tempo que manuseava o selo cor-de-vinho estampilhado Danzig, lia five rupies no de Estado de Lindore, fantasiava sobre estranhas pirogas indígenas recortadas sobre um fundo violeta de um selo das British Solomon Islands."

Este imaginário perdeu-se. Ou tornou-se ocioso, jazendo nalgum canto de uma arrecadação ou sótão.

Exteriores

Ocioso, imprestável, inútil... o marco de correio da Travessa do Miradouro em Alfragide, Quinta Grande:



Fez uma semana. E a contagem continua...

sábado, 10 de janeiro de 2009

Caravela (10) - Taxa de $20





Margem datada



Portes
  1. Tabela de 28/7/41 - serviço nacional: amostras;
  2. Tabela de 6-11-48 - serviço nacional: manuscritos, cada 50 gramas ou fracção a mais; impressos, cada 50 gramas ou fracção; livros, até 50 gramas; amostras, cada 50 gramas ou fracção a mais. Serviço internacional: jornais, cada 50 gramas ou fracção a mais; livros, cada 50 gramas ou fracção a mais.
  3. Tabela de 15/01/49 - serviço nacional: impressos, até 50 gramas; impressos cada 50 gramas ou fracção a mais; amostras, até 50 gramas;amostras, cada50 gramas ou fracção a mais.
  4. Tabela de 28-4-1950 - serviço nacional: jornais, livros, etc., cada 50 gramas ou fracção a mais.


Tiragens (em milhares)
1942 - 3 135,6
1944 - 4 000
1945 - 2 158,1
1946 - 4 000
1947 - 2 120
1948 - 22 000
1949 - 15 000
1950 - 35 000
1951 - 25 378,7
1952 - 25 200
Total - 137 992,4

A taxa de $20 ocupa o terceiro lugar em termos de tiragens, sendo ultrapassada apenas pelas taxas de $50 e $10 (primeiro e segundo lugares, respectivamente). É, por conseguinte, natural que existam muitas tonalidades.

Impressos




Circulado em Lisboa (1 II 1950) com selo de $20 correspondendo ao porte de impressos (tabela de 15/1/49)


Cinta circulada do Porto (7.11.49) para Abrantes com selo de $20 correspondendo ao porte de impressos (tabela de 15/1/49). Reexpedida para Lagos.

Correio ferroviário




Sobrescrito circulado para Lisboa (10 III 1950) com tira de 5 selos de $20, perfazendo o porte de uma carta, serviço nacional (1$00 - tabela de 6/11/48). Obliteração "AMBULÂNCIAS POSTAIS/PORTO GARE" (-9 MAR 50).

Marcas administrativas





Sobrescrito circulado do Porto (20-IX 1950) para Abrantes (21 SET 50) com selo de $20. No que respeita ao porte, duas hipóteses são possíveis: ou o sobrescrito circulou com excesso de porte - o porte de impressos de acordo com a tabela de 1/5/50 era de $10 -, ou o sobrescrito ultrapassava as 50 gramas, tendo sido pagos $10 porte de impressos + $10 por 50 gramas ou fracção a mais; total - $20.
O sobrescrito foi REEXPEDIDO para Lagos (23.9.50) e marcado com carimbo NÃO CARECE DE NOVA/FRANQUIA.

Perfurados


Impresso publicitário circulado em Lisboa (5 - IV 1949) com selo de $20. Porte de impressos (tabela de 6/11/49). Perfuração "DN".





Não se conhece data de autorização
24 furos


Imagem contida no interior do sobrescrito.


Texto de divulgação da obra e condições de assinatura.



Referências bibliográficas
MARQUES, A.H. de Oliveira (1995) História do Selo Postal Português. 1853-1953. Vol. II Os Selos da República. Tomo I. 2ª Edição Correcta e Aumentada. Lisboa: Planeta Editora.
SOEIRO, J. (1997) Notas sobre o Correio Aéreo Português (Período entre 1920 e 1955). Évora: Edições O Timbre.

Filatelês (1) - BORLA

O item lexical borla faz parte do léxico do filatelista, em particular daquele que está familiarizado com compras em leilão. Quando alguém diz que um selo ou uma peça filatélica "foi uma borla", pretende significar que o objecto adquirido foi "muito barato". O enunciado é produzido assim mesmo, prescindindo o enunciador da preposição a ou de.

Assim, em substituição da sequência linguística:

(1) o selo foi de borla

teríamos:

(2) o selo foi uma borla.

O vocábulo é utilizado, obviamente, com satisfação: a carteira agradece e a colecção valoriza-se pela adição de uma peça incomum e valiosa. Inconscientes da etimologia atribuída em Houaiss (2002: 635), escapamos impunes com uma burla.

Esta é a visão materialista e cínica da coisa.

Adoptando uma outra perspectiva, poderíamos argumentar que a borla mais não é do que a justa recompensa pelo estudo de uns e, simultaneamente, a não menos justa punição pela ignorância de outros. A borla permite desocultar e (re)dignificar um objecto raro, incomum, ímpar.

Absolvido e de consciência tranquila, posso agora mostrar a minha mais recente borla:




P.S . - A peça merece uma análise detalhada, que terá a seu tempo.

Caravela (9) - Taxa de $15






Portes

A taxa de $15 foi criada para servir de valor complementar (Marques 1995: 255). Ao longo dos anos em que a emissão “Caravela” esteve em circulação, e tendo em conta as tabelas apresentadas por Marques (1995), não foi estabelecido nenhum porte correspondente à taxa de $15.

Assim, podemos encontrar esta taxa ou como complemento de porte, ou, eventualmente, em múltiplo para compor o porte de $30. Esta última possibilidade poderá verificar-se nas seguintes situações:

  1. Tabela de 1941 - serviço nacional: bilhetes postais simples;
  2. Tabela de 6/11/48 - serviço nacional: impressos, até 50 gramas; amostras, até 50 gramas. Estes portes foram aplicados apenas durante pouco mais de 2 meses (até entrar em vigor a tabela de 15/1/49). A partir dessa data, quer os impressos, quer as amostras passaram para $20.
  3. Tabela de 28/4/50 – serviço nacional: bilhetes postais simples.


Tiragens (por milhares)
1942 - 5 327,9
1944 - 5 000
1947 1 000
1948 - 1 000
Total - 12 327,9


O material que há para mostrar não é famoso. Talvez apareçam cartas com múltiplos (somente com o $15).

Sobrescrito circulado de Alcantarilha (20 SET 47) para Lisboa (22.9.47) com selos de $15 e $35, perfazendo o porte de $50 para cartas, serviço nacional (tabela de portes de 28/7/41) . Segundo dígito da marca do dia de Alcantarilha mudo.


Sobrescrito circulado de Lisboa (18 ABR 46) para a Suiça com selos de 1$75 (Af.663 x2) da emissão 1º Centenário da Escola Naval e de $05, $10 e $15 da emissão "Caravela", perfazendo o valor de 4$75 (1$75 - cartas, serviço internacional + 3$00 sobretaxa de CA para a Suiça).

Referências bibliográficas
MARQUES, A.H. de Oliveira (1995) História do Selo Postal Português. 1853-1953. Vol. II Os Selos da República. Tomo I. 2ª Edição Correcta e Aumentada. Lisboa: Planeta Editora.
SOEIRO, J. (1997) Notas sobre o Correio Aéreo Português (Período entre 1920 e 1955). Évora: Edições O Timbre.

Péssima ideia viajar como encomenda...

Talvez não tivesse sido necessário escutar um conto deliciosamente perverso de Lou Reed narrado por John Cale com voz de locutor de rádio p...