Miguel Strogoff (1) ou o carteiro das terras austrais
"Com grande expectativa esperámos pela chegada do correio, e digo esperámos porque toda a obtusa gauchada destas aldeolas se congregou, ontem, em frente das diáfanas e serenas águas do golfo de Penas para contemplar, entre aclamações, exclamações soezes e uma ou outra voz de ânimo, os esforços realizados por Miguel Strogoff, o mártir das comunicações postais — ou the postman, como também costuma vociferar o cretino do Emerson Polilla, a fazer coro com os mugidos vacuns do Gordo Concertado —, para alcançar a margem e superar felizmente a incompreensível ira dos elefantes-marinhos, das focas e até de uma morsa de inegável aspecto ditatorial, empenhados em arrebatar-lhe, não a pequena bolsa do correio — é sabido que estes disformes mamíferos marinhos são descaradamente insensíveis aos sucessos postais, e talvez seja essa a razão da sua impassibilidade perante a paixão filatélica —, mas algum pedaço da sua abnegada humanidade." (Sepúlveda, L. & M.D. Aparaín 2005:59)
(1) Não confundir com o carteiro do Czar, personagem de Júlio Verne!