domingo, 18 de setembro de 2011

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Estação da Canhoca (PI 10)

A estação da Canhoca, dos Caminhos de Ferro de Luanda (primitivamente, CF do Ambaca), tinha já merecido um post aqui no blog, em dezembro de 2009. Na altura, à falta de melhor, recorri a uma fotografia disponível num arquivo digital. Não fiquei satisfeito! Mas a verdade é que não tinha, nem sabia da existência de um postal ilustrado da estação.
Meses mais tarde, topei-o numa das assíduas procuras num site de leilões na net. Hum... nem pensar! Estava muito caro! Após muitas mensagens enviadas a vendedores e amigos, a chatear-lhes a molécula, eis que este lindíssimo postal da estação da Canhoca vem parar às minhas mãos:

Caminho de Ferro de Ambaca. Estação da Canhoca
Editor: Eduardo Osório, Luanda
Data: s.d.

O enquadramento é perfeito. A profundidade da imagem é incrível. O comboio está a entrar na estação, enquanto funcionários dos CF e bagageiros aguardam no cais. Do lado esquerdo da imagem, uma outra composição aguarda a hora da partida. Os indivíduos presentes na estação olham, com curiosidade para o fotógrafo. Enfim, esse é o verdadeiro acontecimento, não a chegada do comboio!
A imagem evoca inequivocamente um dos primeiros filmes dos irmãos Lumière. A saber, "Entrée d'un train en gare de la Ciotat":


A terminar, a cereja sobre o bolo. Um bonito par das Aves de Angola com a marca "CANHOCA" (CNH 3):

domingo, 11 de setembro de 2011

Maquela do Zombo - feitoria (PI 9)

"O império estava mudado: adaptara-se à concorrência e reestruturara-se, e os pardais não pareciam perturbados por tais mudanças. Sofriam com paciência as bicadas dos pássaros grandes, pois como era próprio dos animais, eles nunca haviam confundido sua natureza e sempre tinham sabido que eram apenas os pequenos bravos pardais." in J. Paulo Oliveira e Costa (2008:512) O Império dos Pardais. Lx: Círculo dos Leitores.

Congo Portuguez - Feitoria Lemos & Irmão em Maquella Zombo
Editor: s.e. 
Data: s.d.; provavelmente do início do século XX.

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Censura no triângulo CAM (4) - 2ª Guerra Mundial

1. Descrição do BP e portes:
a) BP circulado de LISBOA (27.11.44) para o FUNCHAL (10.12.44);
b) Portes: $30 (para bilhetes postais simples).

2. Censuras:
a) LISBOA:  carimbo circular "M.G./C.M.P.T./P/35"batido a violeta. 

Como temos vindo a observar, a censura à correspondência postal ordinária saída do Continente para os Arquipélagos podia ainda nos locais de destino ser sujeita a uma nova censura ou censura de contra-prova.
Verificámos também que as cartas que passassem pelas salas de censura sem serem sujeitas a um exame e censura directa eram marcadas com um carimbo com a letra"P", o que sucede precisamente com o BP acima apresentado. Porém, e ao contrário do que se pode ler no relatório do MG (1945: 7-8), afirmando que "eram sobretudo essas correspondências que nos locais de destino seriam submetidas a censura de contra-prova", nem sempre essa orientação/determinação terá sido cumprida com zelo, dado que o BP apresentado não ostenta a conhecida marca oval utilizada na Madeira.
 postal censorship, censure postale, WW II, 2 guerre mondiale
Referências bibliográficas
Ministério da Guerra (1945) Relatório e Contas de Instalação dos Serviços desde 1 de Junho de 1943 a 15 de Agosto de 1945. Lx: Papelaria Fernandes Livraria.

CFL - 1º Cruzeiro de Férias às Colónias (1935)

Caminhos de Ferro de Luanda
Brochura do "1º CRUZEIRO DE FÉRIAS ÁS COLÓNIAS", a realizar em 30 de Agosto de 1935, entre Luanda e Dalatando. Partida das "Portas do Mar" às 4.15 h e chegada prevista a Dalatando às 12.16 h.

Frente

Verso

Nas páginas interiores é apresentada informação sobre os passageiros e as principais mercadorias transportadas. São ainda apresentados os resultados financeiros da exploração em angolares.

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Censura no triângulo C.A.M. (3) - 2ª Guerra Mundial


1. Descrição do BP e portes:
a) BP circulado de LISBOA (21 NOV 44) para o FUNCHAL (25.11.44, no verso);
b) Portes: $30 (para bilhetes postais simples).

2. Censuras:
a) LISBOA:  carimbo  de dupla oval "C.M.P.T./C. 49/CENSURADO"batido a violeta.

As malas do turno do dia (ver mensagem anterior) eram recolhidas pelo transporte dos CTT que efectuava a correspondência a censurar pelo turno da noite (às 18.30h). As malas do turno da noite, após a censura, eram depositadas no armazém, sendo devolvidas aos CTT através do transporte que viesse entregar as malas do turno do dia (11.30 h).
Nos "Mapas Estatísticos" do relatório em análise (MG 1945: 17), refere-se o total de objectos postais transportados em média em cada mala: 4100.
A título de curiosidade, no mês de novembro de 1944, foram objecto de censura 888 malas, o que dá um total de 3.640.800 objectos postais censurados.
Consoante o volume da correspondência, a percentagem de objectos a censurar nas salas em Lisboa poderia variar: 1/3, 1/4 ou 1/5. Esta variação reflectia o cuidado dos serviços de censura para evitar que a correspondência ficasse retida para transporte noutro paquete, daí a 15 dias, com evidente prejuízo para os utentes do serviço postal.
WW II, postal censorship, censure postale
Referências bibliográficas
Ministério da Guerra (1945) Relatório e Contas de Instalação dos Serviços desde 1 de Junho de 1943 a 15 de Agosto de 1945. Lx: Papelaria Fernandes Livraria.

domingo, 4 de setembro de 2011

Censura no triângulo C.A.M. (2) - 2ª Guerra Mundial

1. Descrição do BP e portes:
a) BP circulado de LISBOA (24-4-45) para o FUNCHAL (carimbo de chegada ilegível no verso);
b) Portes: $30 (para bilhetes postais simples)

2. Censuras:
a) LISBOA:  carimbo circular "M.G./C.M.P.T./P/5" (1), batido a violeta. O carimbo "P" assinala a passagem pelas salas de censura, sem exame (ver mensagem anterior).
b) MADEIRA: carimbo oval "C.M.P.T./C9/CENSURADO"(2), batido a violeta. O carimbo nº 9 estava atribuído ao furriel miliciano João Encarnação D. Ferreira, que desempenhou funções entre 28/10/43 e 22/8/45 (cf. Anexo I, p. 16, MG 1945).

Referências bibliográficas
Ministério da Guerra (1945) Relatório e Contas de Instalação dos Serviços desde 1 de Junho de 1943 a 15 de Agosto de 1945. Lx: Papelaria Fernandes Livraria.
Sousa Lobo, J. (2005: 33-37) "A Censura Militar nas Ilhas durante a 2ª Guerra Mundial" in Boletim do Clube Filatélico Português 407.

Notas:
(1) Ministério da Guerra/Censura Militar Postal Telegráfica/P = passagem sem exame/Censor 5;
(2)
Censura Militar Postal Telegráfica/Censor 9/Censurado.

Censura nas relações do triângulo C.A.M. - 2ª Guerra Mundial (rev. e actualização)

(Revisão e actualização da mensagem de 26/07/2011)
De acordo com a portaria nº 10:402, a partir de 1 de Junho de 1943 e enquanto durasse o estado de guerra, todas as correspondências postais, particulares ou oficiais, encomendas postais e comunicações telegráficas e telefónicas ficavam sujeitas à censura militar nas relações do triângulo C(continente)-A(çores)-M(adeira).
A carta abaixo ilustra os procedimentos adoptados pela censura no que respeita às correspondências ordinárias expedidas da Madeira:


1. Descrição do sobrescrito e portes:
a) Sobrescrito circulado do FUNCHAL (22 JUN 44) para Nova Iorque com trânsito por LISBOA (28 JUL 44);
b) Portes: 5$25 = 1$75 (para cartas até 20 gramas, serviço internacional) + 3$50 (sobretaxa de CA).

2. Censuras:
a) MADEIRA: cinta de censura - fita de papel gomado de cor bistre com legenda a preto "ABERTO PELA CENSURA/MADEIRA" (Tipo 2 - 50x8 mm); carimbo oval "C.M.P.T./C4/CENSURADO" (1) batido a violeta. Cada censor, oficial ou sargento, dispunha de carimbos numerados, pessoais e intransmissíveis. O carimbo nº 4 estava atribuído ao tenente miliciano  Tomaz Izidoro Pita da Silva, que desempenhou funções entre 1/8/44 e 7/6/45 (cf. Anexo I, p. 17, MG 1945). De acordo ainda com o relatório citado, a censura civil na Madeira funcionou no Edifício dos Correios (p. 6).

b) LISBOA:  carimbo circular "M.G./C.M.P.T./P/34" (2), batido a violeta. O carimbo "P" assinala a passagem pelas salas de censura, sem exame.Toda a correspondência proveniente dos arquipélagos (Açores, Madeira e mais tarde também Cabo Verde) passava pelas salas de censura. Em Lisboa, existiam as seguintes salas de censura: A (para as malas dos Açores), M (Madeira), C (Cabo Verde) e R (malas de registos). Para a recepção e devolução das malas postais ordinárias, havia um armazém de recolha. Este estava dividido em dois compartimentos, com prateleiras assinaladas por tabuletas com indicativos "Por censurar", "Censurados", "Registos" e "Censura de Contra-prova (3)". A censura à correspondência ordinária funcionava em dois turnos diários de 6 horas. A saber: turno do dia - das 12 h às 18 h; turno da noite - das 19 h às 01 h. A organização da censura subordinava-se às normas e horários dos CTT.

3) EUA: cinta de censura - cinta de papel de celofane esverdeado com legenda "EXAMINED BY/7235".

Referências bibliográficas
Ministério da Guerra (1945) Relatório e Contas de Instalação dos Serviços desde 1 de Junho de 1943 a 15 de Agosto de 1945. Lx: Papelaria Fernandes Livraria.
Sousa Lobo, J. (2005: 33-37) "A Censura Militar nas Ilhas durante a 2ª Guerra Mundial" in Boletim do Clube Filatélico Português 407.

Notas:
(1) Censura Militar Postal Telegráfica/Censor 4/Censurado.
(2) Ministério da Guerra/Censura Militar Postal Telegráfica/P = passagem pela sala de censura, sem exame/ Censor nº 34. 

(3) Consistia numa re-censura para controlo do trabalho, exactidão e zelo do pessoal censor de Lisboa.
 WW II postal censorship; US censorship; 

Péssima ideia viajar como encomenda...

Talvez não tivesse sido necessário escutar um conto deliciosamente perverso de Lou Reed narrado por John Cale com voz de locutor de rádio p...