domingo, 4 de setembro de 2011

Censura nas relações do triângulo C.A.M. - 2ª Guerra Mundial (rev. e actualização)

(Revisão e actualização da mensagem de 26/07/2011)
De acordo com a portaria nº 10:402, a partir de 1 de Junho de 1943 e enquanto durasse o estado de guerra, todas as correspondências postais, particulares ou oficiais, encomendas postais e comunicações telegráficas e telefónicas ficavam sujeitas à censura militar nas relações do triângulo C(continente)-A(çores)-M(adeira).
A carta abaixo ilustra os procedimentos adoptados pela censura no que respeita às correspondências ordinárias expedidas da Madeira:


1. Descrição do sobrescrito e portes:
a) Sobrescrito circulado do FUNCHAL (22 JUN 44) para Nova Iorque com trânsito por LISBOA (28 JUL 44);
b) Portes: 5$25 = 1$75 (para cartas até 20 gramas, serviço internacional) + 3$50 (sobretaxa de CA).

2. Censuras:
a) MADEIRA: cinta de censura - fita de papel gomado de cor bistre com legenda a preto "ABERTO PELA CENSURA/MADEIRA" (Tipo 2 - 50x8 mm); carimbo oval "C.M.P.T./C4/CENSURADO" (1) batido a violeta. Cada censor, oficial ou sargento, dispunha de carimbos numerados, pessoais e intransmissíveis. O carimbo nº 4 estava atribuído ao tenente miliciano  Tomaz Izidoro Pita da Silva, que desempenhou funções entre 1/8/44 e 7/6/45 (cf. Anexo I, p. 17, MG 1945). De acordo ainda com o relatório citado, a censura civil na Madeira funcionou no Edifício dos Correios (p. 6).

b) LISBOA:  carimbo circular "M.G./C.M.P.T./P/34" (2), batido a violeta. O carimbo "P" assinala a passagem pelas salas de censura, sem exame.Toda a correspondência proveniente dos arquipélagos (Açores, Madeira e mais tarde também Cabo Verde) passava pelas salas de censura. Em Lisboa, existiam as seguintes salas de censura: A (para as malas dos Açores), M (Madeira), C (Cabo Verde) e R (malas de registos). Para a recepção e devolução das malas postais ordinárias, havia um armazém de recolha. Este estava dividido em dois compartimentos, com prateleiras assinaladas por tabuletas com indicativos "Por censurar", "Censurados", "Registos" e "Censura de Contra-prova (3)". A censura à correspondência ordinária funcionava em dois turnos diários de 6 horas. A saber: turno do dia - das 12 h às 18 h; turno da noite - das 19 h às 01 h. A organização da censura subordinava-se às normas e horários dos CTT.

3) EUA: cinta de censura - cinta de papel de celofane esverdeado com legenda "EXAMINED BY/7235".

Referências bibliográficas
Ministério da Guerra (1945) Relatório e Contas de Instalação dos Serviços desde 1 de Junho de 1943 a 15 de Agosto de 1945. Lx: Papelaria Fernandes Livraria.
Sousa Lobo, J. (2005: 33-37) "A Censura Militar nas Ilhas durante a 2ª Guerra Mundial" in Boletim do Clube Filatélico Português 407.

Notas:
(1) Censura Militar Postal Telegráfica/Censor 4/Censurado.
(2) Ministério da Guerra/Censura Militar Postal Telegráfica/P = passagem pela sala de censura, sem exame/ Censor nº 34. 

(3) Consistia numa re-censura para controlo do trabalho, exactidão e zelo do pessoal censor de Lisboa.
 WW II postal censorship; US censorship; 

Sem comentários:

Enviar um comentário

Péssima ideia viajar como encomenda...

Talvez não tivesse sido necessário escutar um conto deliciosamente perverso de Lou Reed narrado por John Cale com voz de locutor de rádio p...